Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes,
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
(Fernando Pessoa)
QUESTÃO
No poema, o gato e o eu lírico
a) vivem situações semelhantes, embora um seja feliz e o outro, infeliz.
b) exemplificam duas situações extremas da experiência humana: a infância e a idade adulta, respectivamente.
c) opõem-se, porque o gato simboliza a felicidade ingênua; o eu lírico, a angústia de quem perdeu a ingenuidade e a capacidade de brincar.
d) representam situações diferentes da vida humana: o primeiro é a simplicidade satisfeita com a própria sorte; o segundo, a insatisfação determinada pela revolta contra o próprio destino.
e) opõem-se, basicamente, porque o primeiro vive integrado em sua condição, sem incertezas, ao contrário do segundo, com sua experiência problemática e incerta.
GABARITO
O que o eu lírico celebra no gato é justamente a sua integração sem problemas em sua existência, ao passo que a experiência dele, sujeito, é de fato “problemática e incerta”, pois, diz ele, “Eu vejo-me e estou sem mim,/ Conheço-me e não sou eu” — ou seja, ele vive os problemas de alheamento de si e incerteza em relação à própria identidade.
Resposta: E
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