Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera
Não me lembrar! Em tardes dolorosas
Lembro-me que fui a Primavera
Que em muros velhos faz nascer as rosas!
As minhas mãos outrora carinhosas
Pairavam como pombas... Quem soubera
Porque tudo passou e foi quimera,
E porque os muros velhos não dão rosas!
O que eu mais amo é que mais me esquece...
E eu sonho: ‘Quem olvida não merece...’
E já não fico tão abandonada!
Sinto que valho mais, mais pobrezinha:
Que também é orgulho ser sozinha,
E também é nobreza não ter nada!
Florbela Espanca. Disponível em:
<www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ph000240.pdf>
EXERCÍCIOS
1. Aponte, em cada uma das estrofes, as palavras relacionadas em rimas.
2. Marque a alternativa correta.
a) “Dantes” é o mesmo que “antes” e o eu lírico, pelas lembranças, foi muito feliz.
b) O “eu lírico” demonstra alegria porque sabe a razão de os muros velhos não terem dado rosas.
c) No primeiro terceto, “olvida” significa “esquece”. O eu lírico pressupõe que ao reconhecer-se esquecida se sente mais próxima de quem a esquece.
d) O eu lírico mostra-se orgulhosa por ser sozinha e nobre por nada ter.
e) O orgulho do eu lírico é saber que é abandonada.
GABARITO
(EF69LP54) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e osrecursos paralinguísticos e cinésicos, como as variações no ritmo, as modulações no tom de voz, as pausas, as manipulações do estrato sonoro da linguagem, obtidos por meio da estrofação, das rimas e de figuras de linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias, dentre outras, a postura corporal e a gestualidade, na declamação de poemas, apresentações, musicais e teatrais, tanto em gêneros em prosa quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos de sentido decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e conotativas (adjetivos, locuções adjetivas, orações subordinadas adjetivas etc.), que funcionam como modificadores, percebendo sua função na caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.
1.
Dera – Primavera
Dolorosas – rosas
Carinhosas – rosas
Soubera – quimera
Esquece – merece
Abandonada – nada
Pobrezinha – sozinha
Caso os alunos não se aproximem dessas respostas, você pode ler em voz alta, de modo ritmado, o poema, enfatizando o final das últimas palavras em cada verso. Depois, pode, oralmente, questionar quais palavras terminam com sílabas iguais e se têm o mesmo ritmo.
2. Alternativa d.
No caso de respostas incorretas, organize questões que permitam aos alunos interpretar e compreender o poema, como: Será que o eu lírico está feliz ou triste? Por quê? Que palavras demonstram o sentimento de tristeza do eu lírico? O que é Primavera? É uma estação alegre ou triste? É bom nascer flores em um muro velho? O que é quimera?
Você pode também propor que os alunos pesquisem em dicionários impressos ou on-line (por celular, por exemplo) os significados das palavras que desconhecem no poema. Depois da pesquisa, os alunos podem, em duplas, discutir quais os significados das palavras e quais sentidos fazem no poema.
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