Produção de textos orais - 6ºano - Atividade - Habilidades EF69LP49, EF67LP28, EF69LP53 - Literatura africana de língua portuguesa

Ampliando horizontes pela leitura
Duração:
3 aulas

Relevância para a aprendizagem
Nesta sequência didática, os objetivos são fazer com que os alunos tenham contato com a literatura africana de língua portuguesa com a leitura de algumas narrativas previamente selecionadas do livro Os da minha rua, do escritor angolano Ondjaki, bem como ler com expressividade e fluência em voz alta e desenvolver a habilidade de selecionar e gravar textos.

Objetivos de aprendizagem
• Ampliar a autonomia na leitura e na compreensão de textos literários.
• Desenvolver a habilidade de leitura expressiva.
• Conhecer e valorizar a literatura africana de língua portuguesa.

Objetos de conhecimento
Adesão às práticas de leitura
Estratégias de leitura
Apreciação e réplica
Produção de textos orais
Oralização

Habilidades
(EF69LP49)
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.

(EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infanto-juvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

(EF69LP53) Ler em voz alta textos literários diversos – como contos de amor, de humor, de suspense, de terror; crônicas líricas, humorísticas, críticas; bem como leituras orais capituladas (compartilhadas ou não com o professor) de livros de maior extensão, como romances, narrativas de enigma, narrativas de aventura, literatura infantojuvenil, – contar/recontar histórias tanto da tradição oral (causos, contos de esperteza, contos de animais, contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) quanto da tradição literária escrita, expressando a compreensão e interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva e fluente, que respeite o ritmo, as pausas, as hesitações, a entonação indicados tanto pela pontuação quanto por outros recursos gráfico-editoriais, como negritos, itálicos, caixa-alta, ilustrações etc., gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja para análise posterior, seja para produção de audiobooks de textos literários diversos ou de podcasts de leituras dramáticas com ou sem efeitos especiais e ler e/ou declamar poemas diversos, tanto de forma livre quanto de forma fixa (como quadras, sonetos, liras, haicais etc.), empregando os recursos linguísticos, paralinguísticos e cinésicos necessários aos efeitos de sentido pretendidos, como o ritmo e a entonação, o emprego de pausas e prolongamentos, o tom e o timbre vocais, bem como eventuais recursos de gestualidade e pantomima que convenham ao gênero poético e à situação de compartilhamento em questão.

Desenvolvimento

Aula 1 – Leitura de textos e preparação de leitura expressiva
Duração:
cerca de 45 minutos
Local: sala de aula
Organização dos alunos: no início e no final da aula, os alunos devem estar nas respectivas carteiras, formando um círculo, para roda de conversa e leitura de texto; para realizar as atividades, eles devem se reunir em grupos de três a quatro componentes.
Recursos e/ou material necessário: mapa do continente africano e texto para leitura com os alunos, como sugestão: Ondjaki. O voo do Jika. In: ______. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007. Nesse livro há outras narrativas que podem ser selecionadas.

Sugestão de textos, para leitura do professor, sobre a cultura africana e sua influência na cultura brasileira:

1. “Influência de Angola é vista em vários traços culturais do brasileiro”.
Disponível em: <http://tvbrasil.ebc.com.br>. 

2. “Você sabe qual é a importância da cultura negra para a história do Brasil?”.
Disponível em: <http://tvbrasil.ebc.com.br>. 

Atividade 1: Breve introdução para contextualizar o tema (10 minutos)
Como os alunos vão estudar textos de um escritor que fala a língua portuguesa e escreve em português, mas não é brasileiro, introduza o tema explicando que a língua portuguesa é oficial em nove países: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial. Se possível, leve para a sala de aula um mapa-múndi para que a turma possa visualizar em que parte do mundo ficam esses países. Explique aos alunos que, embora a língua portuguesa seja oficial nesses países, há muitas diferenças na maneira como seus habitantes falam e no vocabulário que usam. 

Nesse momento, informe-os de que vão ler textos de um escritor angolano, Ondjaki, nascido em 1977, em Luanda, capital de Angola, um dos países lusófonos, explicando que lusófono é o país que tem como língua oficial o português. Informe também que Ondjaki, cujo nome de batismo é Ndalu de Almeida, escreve roteiros para cinema, peças de teatro, livros em prosa (contos e romances) e poemas. Comente que Ondjaki já tem livros publicados em dez idiomas e que, assim como outros autores africanos de língua portuguesa, chama suas narrativas de estórias, e não de histórias.

Atividade 2: Lendo uma narrativa do livro Os da minha rua (25 minutos)
Antes do contato dos alunos com o texto, mostre a eles, se possível, a capa do livro e oriente-os a observar a imagem; depois pergunte que tipo de texto eles acreditam que há nele e por quê. 

Sugere-se que o trabalho se realize com a leitura da narrativa “O voo do Jika”. Primeiro, pergunte o que eles imaginam do personagem e sobre o que trata o texto a partir da leitura do título. Promova um momento de debate e observe o interesse dos alunos pela leitura bem como o envolvimento deles.

Depois, peça que façam uma leitura silenciosa dessa narrativa. Avise-os de que encontrarão várias palavras do português angolano que, provavelmente, não conhecem. Estimule-os a levantar hipóteses sobre o significado dessas palavras a partir do contexto em que estão inseridas.

Após essa leitura individual, proponha uma leitura compartilhada fazendo pausas para verificar se as hipóteses sobre os significados das palavras foram validadas. Pergunte como interpretaram essas palavras e depois comente o significado delas; por exemplo, maka quer dizer ‘problema’.

Pergunte se eles perceberam em qual pessoa o texto é narrado e se o narrador somente conta ou também vive as ações. Depois comente que o personagem que conta e vive a história se chama Ndalu, o verdadeiro nome do autor, Ondjaki. Explique a eles que, ainda que o narrador tenha o mesmo nome do autor, isso não quer dizer que se trata da mesma pessoa, tendo em vista que a obra é uma ficção, uma narrativa inventada.

Explore a indicação de tempo da narrativa fazendo com que percebam os verbos no passado. Leve-os a perceber também os marcadores temporais como o advérbio “hoje” no décimo parágrafo, indicando que a ação da narrativa acontece em apenas um dia.

Depois, pergunte a eles se há na história algum conflito, algum momento que julgam tenso.

Deixe que respondam livremente; a seguir esclareça que, nessa narrativa, não há momentos tensos em que os personagens tenham de resolver situações ou problemas difíceis ou ultrapassar grandes obstáculos.

Atividade 3: Demonstração de uma leitura expressiva (10 minutos)
Depois disso, peça a três alunos que se encaminhem até a frente da sala de aula e oriente-os a fazer uma leitura expressiva da narrativa. Um deve ser Ndalu, que também é o narrador, e os outros dois devem ser Jika e a mãe dele. Esclareça que essa leitura deve ser fluente e traduzir, por pausas, hesitações ou entonação, os sentimentos dos personagens, com diferentes entonações de voz para demonstrar alegria ou surpresa. Mostre que, nas falas dos personagens, podem aparecer trechos do narrador separados por travessões, como: “Ah é? – ele pareceu surpreendido”, orientando como deve ser a expressão da fala dos personagens e do narrador. Chame a atenção para as expressões contidas nos diálogos, como ‘mó’ (maior), ‘comé’ (como é), ‘deixinda’ (deixe ainda), dizendo que acontece de palavras se unirem quando faladas com rapidez.

Aula 2 – Leitura expressiva
Duração:
cerca de 45 minutos
Local: sala de aula ou locais silenciosos da escola
Organização dos alunos: na atividade 1, os alunos estarão reunidos em pequenos grupos de três ou quatro componentes, para que seja realizada a leitura da narrativa; na atividade 2, a turma ficará em círculo.
Recursos e/ou material necessário: narrativas escolhidas do livro Os da minha rua, de Ondjaki.
 

Atividade 1: Planejando a leitura expressiva (25 minutos)
Organize a turma em pequenos grupos, de três ou quatro alunos. Distribua algumas narrativas a eles; permita que manuseiem os textos para que cada grupo escolha um deles para ser trabalhado. 

Nesse momento, observe o interesse da turma pela leitura e seu envolvimento na escolha da narrativa. Peça que leiam a narrativa escolhida e oriente-os a ensaiar a leitura expressiva dela, conforme o exemplo visto na primeira parte da aula. Assim, solicite que, nessa leitura, um aluno faça as intervenções do narrador, e os demais representem os personagens. Caso haja um número maior de alunos que o de personagens, os trechos do narrador poderão ser divididos entre eles.

É importante que todos percebam e reconheçam que a leitura deve ser fluente, clara e que represente, pelo ritmo, pelas pausas e hesitações e pela entonação adequada, as emoções e os sentimentos dos personagens. Diga-lhes que podem usar instrumentos ou outros recursos para a sonoplastia da leitura, caso queiram. Enquanto os alunos fazem essas atividades, circule entre os grupos para ouvir o que estão preparando e fazer as intervenções necessárias. 

Atividade 2: Ensaiando a leitura expressiva (20 minutos)
Forme um círculo com toda a turma e peça que os grupos apresentem para os demais a leitura que planejaram fazer para a gravação. Depois, oriente cada grupo a ir à frente da sala de aula e mostrar o que ensaiou para os demais colegas. Ao final de cada leitura expressiva, sugira melhorias e conduza uma pequena conversa sobre o conteúdo da narrativa.

Aula 3 – Gravação
Duração:
cerca de 45 minutos
Local: sala de aula ou locais silenciosos da escola
Organização dos alunos: os alunos continuarão nos mesmos grupos de trabalho da aula anterior para leitura e gravação.
Recursos e/ou material necessário: narrativas escolhidas do livro de Ondjaki, gravador de áudio ou celulares com ferramenta de gravação de áudio.

Atividade 1: Construindo uma proposta para gravação (10 minutos)
Como uma proposta para orientar as gravações, selecione um dos grupos e peça que faça a leitura expressiva com o gravador ligado. Mostre outros recursos que podem ser usados além da voz: batidas nas carteiras, na porta e outros sons. Por fim, peça aos demais grupos que planejem se usarão esses outros recursos. Incentive-os a buscar soluções e testar possibilidades para exercitar o protagonismo e a autonomia.

Atividade 2: Gravando a leitura expressiva (35 minutos)
Oriente os grupos a fazer a gravação. Para isso, providencie, se possível, um local amplo e silencioso na escola para realizá-la. Se não for viável, peça aos grupos que, em sala de aula, mantenham distância uns dos outros e colaborem fazendo silêncio para não prejudicar a gravação. É importante, nesse momento, a cooperação e a solidariedade.

Aula 4 – Apresentação da gravação
Duração:
cerca de 45 minutos
Local: sala de aula ou locais silenciosos da escola
Organização dos alunos: os alunos estarão sentados nas respectivas carteiras, organizadas em um círculo, para que seja realizada a audição.
Recursos e/ou material necessário: caderno, lápis, borracha, caneta, gravações das leituras expressivas.

Após as gravações, promova uma roda de audição dos áudios com os alunos da turma e, se possível, com os de outras turmas da escola.
Para finalizar o trabalho, peça a cada aluno que registre no caderno o que aprendeu da literatura angolana e como se deve realizar uma leitura expressiva.

Aferição do objetivo de aprendizagem
A avaliação do processo de aprendizagem pode ser realizada por meio das atividades propostas nesta sequência didática e deve considerar o desenvolvimento individual dos alunos.

Em um primeiro momento, espera-se que os alunos se mostrem interessados na leitura de textos literários, sejam capazes de ler os textos selecionados com autonomia e de acordo com seus objetivos de leitura. Em um segundo momento, é esperado que eles façam uma leitura oral expressiva e fluente, com ritmo, pausas, hesitações e entonação adequados à gravação.

Os alunos também podem fazer uma autoavaliação, respondendo a questões como: “Consegui ler e compreender a narrativa com autonomia?”, “Percebi a importância dos recursos, como ritmo e  entonação, para a fazer uma leitura expressiva?”, “Dediquei-me a esse trabalho e colaborei com os colegas de meu grupo?”.

Questões para auxiliar na aferição
Além das atividades propostas nesta sequência didática, algumas questões podem ser utilizadas para aferir a aprendizagem da turma em relação aos objetivos de aprendizagem aqui explorados. Por exemplo:

1. Leia em voz alta o trecho a seguir e responda à questão.

Deixei a porta aberta. O Jika devia voltar sem demora quase nenhuma. Gritou contente, cá de baixo, na direcção da janela do quarto da mãe dele:

— Maaaaãe, a tia Sita me convidou pra almoçar na casa dela. Posso?

ONDJAKI. O voo do Jika. In: ______. Os da minha rua.
Disponível em: <http://glups.leya.com/_media/files/2010/Oct/os_da_minha_rua_oobv.pdf>.

a) O que a forma de escrever a palavra “Maaaaãe” indica ao leitor?
b) Tia Sita de fato o havia convidado para almoçar na casa dela? Que efeito isso causa?

2. Leia este outro trecho do mesmo texto e responda à questão.

— Ah é? — ele pareceu surpreendido. — E a que horas é que vocês vão almoçar?

ONDJAKI. O voo do Jika. In: ______. Os da minha rua.
Disponível em: <http://glups.leya.com/_media/files/2010/Oct/os_da_minha_rua_oobv.pdf>.

Nesse trecho, que elementos indicam como deve ser a entonação das falas do personagem?

Gabarito das questões

1.
a)
Indica a forma como o personagem gritou a palavra, ou seja, alongando a vogal “a”.
b) Na verdade, ele se convidou para almoçar na casa de Sita, que é a mãe de Ndalu, ao contrário do que ele diz para a mãe, provocando humor.

2. Os pontos de interrogação indicam que o personagem entoou as frases como uma pergunta e a observação do narrador que vem em seguida a “— Ah é?”, “ele pareceu surpreendido”, orienta o leitor sobre a reação do personagem.

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