Segunda geração do Modernismo brasileiro - Poema "Cadeira de balanço" Mario Quintana - Interpretação ensino médio - Processo de envelhecimento - Condição da mulher idosa

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Mario Quintana
 é considerado um representante da segunda geração do Modernismo brasileiro. No entanto, sua obra também apresenta influências do Simbolismo, integrando o que é chamado por alguns críticos literários de neossimbolismo, sobretudo pela publicação de seu primeiro livro, A Rua dos Cataventos, em que usa a forma fixa de soneto, aborda temas como a infância e a morte e usa recursos sensoriais.

Sua produção posterior tem como características o uso de versos livres e brancos, e a aproximação entre verso e prosa. sua poesia, em geral, é marcada por aparente simplicidadedespojamento espontaneidade, além de ironia. seus poemas apresentam ainda apego ao cotidiano, linguagem coloquial, jogo de palavras e reflexão sobre a própria poesia.

Segundo o crítico literário Alfredo Bosi, em História concisa da literatura brasileira (2006), o poeta encontra em seus poemas “fórmulas felizes de humor”, um humor que ri do cotidiano mas sem zombar dele. Essa característica aproxima Quintana dos modernistas, porém, ele não tem o caráter jocoso e depreciativo de alguns poetas da geração de 1922.

Você lerá o poema “Cadeira de balanço”, o qual foi publicado originalmente no livro Apontamentos de história sobrenatural (1976), quando o poeta completou 70 anos, ou seja, é uma obra de maturidade artística de Mario Quintana. Os poemas que compõem esse livro apresentam certa nostalgia da pureza da infância, a constatação da passagem do tempo e a presença constante da morte.

Cadeira de balanço

Quando elas se acordam
do sono, se espantam
das gotas de orvalho
na orla das saias,
dos fios de relva
nos negros sapatos,
quando elas se acordam
na sala de sempre,
na velha cadeira
que a morte as embala...

E olhando o relógio
de junto à janela
onde a única hora,
que era a da sesta,
parou como gota que ia cair,
perpassa no rosto
de cada avozinha

um susto do mundo
que está deste lado...

Que sonho sonhei
que sinto inda um gosto
de beijo apressado?
– diz uma e se espanta:
Que idade terei?
Diz outra:
– Eu corria
menina em um parque...
e como saberia
o tempo que era?

Os pensamentos delas
já não têm sentido.

A morte as embala,
as avozinhas dormem
na deserta sala
onde o relógio marca
a nenhuma hora

enquanto suas almas
vêm sonhar no tempo
o sonho vão do mundo...
e depois se acordam
na sala de sempre

na velha cadeira
em que a morte as embala...

QUINTANA, Mario. Cadeira de balanço. In: QUINTANA, Mario.
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006. p. 448-450.

Glossário
inda:
forma antiga de “ainda”.
orla: borda.
relva: vegetação rasteira.
sesta: período de tempo após o almoço em que uma pessoa dorme ou descansa.
vão: irreal.

1. No lido, o eu lírico narra o cotidiano de mulheres idosas, a quem denomina “avozinhas”. Com base nessa informação, responda: qual é a concepção de idoso expressa no poema de Mario Quintana? Você concorda com ela? Por quê? 

2. Considerando que Mario Quintana publicou esse poema no ano de 1976, pesquise como era a condição da mulher idosa naquela época e escreva um parágrafo comentando sua pesquisa. 

3. Considerando que o processo de envelhecimento inicia-se quando nascemos, que reflexões você pode fazer a esse respeito?

4. Eu lírico, ou eu poético, é a voz que fala em um poema, não se confundindo com a voz do autor. Um autor pode ser homem, por exemplo, e escrever com a voz de uma mulher. O eu lírico pode, no entanto, aproximar-se por vezes da voz do autor, ao revelar certas confissões e experiências pessoais, entre outras possibilidades. Assim sendo, o eu lírico, nesse poema, apresenta-se como um narrador que conta e descreve uma cena. Qual é o ponto de vista do eu lírico nesse caso?

5. Como é o cotidiano das “avozinhas” apresentadas pelo eu lírico?

6. Releia os versos abaixo e responda: Como é retratada a relação entre passado e presente das “avozinhas” no poema? Como elas se sentem em relação ao tempo?

Quando elas se acordam
do sono, se espantam [...]
Os pensamentos delas
já não têm sentido.

7. Quais características do poema “Cadeira de balanço” tendem para o mesmo objetivo com as do conjunto da obra de Mario Quintana?

8. Quais são as influências simbolistas em “Cadeira de balanço”, de Mario Quintana?

9. Assim como Mario Quintana, outros autores escreveram sobre o processo de envelhecimento em diferentes momentos da literatura. Procure por obras do Modernismo e obras contemporâneas de literatura que abordem o mesmo tema. Observe as instruções a seguir:

selecione um trecho da obra e analise a concepção de idoso explorada no texto;

apresente a sua análise para os colegas, na forma de uma apresentação oral apoiada por slides, neles, coloque algumas passagens da obra, com a devida referência, e palavras-chave que sintetizem sua análise, considere apresentar também imagens e vídeos, como fotografias do(a) escritor(a), capas de livro, entrevistas etc.;

caso seja do seu interesse, faça a leitura da obra por completo.

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