> Enumeração das vantagens de se morar em um condomínio fechado:
4. (ENEM)
Cidade grande
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)
Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a
a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.
5. (ENEM)
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
GULLAR, Ferreira.
Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. p. 227-8.
A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.
6. Leia com atenção este poema de Manuel Bandeira e depois responda às questões propostas.
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. p. 179.
Observando o poema, é possível encontrar uma única expressão que indica o sentimento do poeta.
a) Qual é essa expressão e que sentimento ela indica?
b) Esse sentimento está enfatizado por meio do uso de uma figura de linguagem. Qual é ela? Explique.
7. Observe com atenção a charge reproduzida a seguir para refletir sobre ela:
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A charge apresenta uma sátira aos objetos eletrônicos contemporâneos, cada vez menores e capazes de realizar mais funções. Que figura de linguagem é responsável pelo humor da tira? Justifique sua resposta.
8. Todos os versos a seguir encerram metáforas. Leia-os e, na sequência, identifique quais são os elementos implícitos que propiciaram a construção metafórica:
a) "Fogueira sem brasa, sou eu assim sem você" (Adriana Calcanhoto)
b) "A falta é a morte da esperança" (Nando Reis)
c) "Hoje pra você eu sou espinho" (Lenine)
d) "Sou uma gota d'água/sou um grão de areia" (Renato Russo)
e) "O amor é o calor que aquece a alma." (Jota Quest)
9. Leia o texto a seguir para responder às questões propostas:
Calango vascaíno
Tô sem consolo
Ninguém vem me consolar
Vou cantando meu calango
Que é pra vida melhorar
O meu calango
Até a vida melhorar
E minha única alegria é ver o Vasco jogar
Minha alegria
É ver o Vasco jogar
Eu tô cansado da derrota
Mas não vou me entregar
É de derrota
Mas não vou me entregar
E se a morte é um descanso
Eu não quero descansar.
DA VILA, Martinho. Calango vascaíno.
a) Há no texto a presença de um eufemismo muito usado para se referir à morte. Identifique-o.
b) Qual o efeito de sentido alcançado no texto com a negação desse eufemismo?
c) Releia o texto e deduza: o que significa "calango" nesse contexto?
10. Leia o texto a seguir para responder às questões que seguem:
"João negro" cumpre pena de "João branco"
João Pereira da Silva, negro, de 34 anos, é ladrão. João Pereira da Silva, branco, 28, também. Os pais de "João negro" são Pedro Pereira da Silva e Maria Pereira da Silva. Os pais de "João branco" também. O primeiro foi condenado a um ano de prisão por ter furtado uma carteira com R$ 10. Está na cadeia há quase dois anos. O segundo foi condenado a três anos e meio por roubar, com uma arma, R$ 162. Ficou seis meses na penitenciária e fugiu. "João negro" cumpre a pena no lugar de "João branco" [...]
Ao emitir a pena, em 2004, a Justiça não comparou as digitais.
TÓFOLI, Daniela. "João negro" cumpre pena de "João branco".
a) Qual é a figura de linguagem que aparece na manchete da notícia?
b) Que efeito de sentido produz o uso dessa figura de linguagem na manchete?
11. (ENEM) Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de Bicho urbano, poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades.
Bicho urbano
Se disser que prefiro morar em Pirapemas
ou em outra qualquer pequena cidade do país
estou mentindo
ainda que lá se possa de manhã
lavar o rosto no orvalho
e o pão preserve aquele branco
sabor de alvorada.
A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas águas
suas aves que são como aparições
me assusta quase tanto quanto
esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabeça.
GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro.
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas.
Assinale a opção em que se observa esse recurso.
a) "e o pão preserve aquele branco/sabor de alvorada."
b) "ainda que lá se possa de manhã/lavar o rosto no orvalho"
c) "A natureza me assusta./Com seus matos sombrios suas águas"
d) "suas aves que são como aparições/me assusta quase tanto quanto"
e) "me assusta quase tanto quanto esse abismo/de gases e de estrelas"
12. (ENEM) Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente. Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.
Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema O operário em construção. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em
a) "Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão."
b) "[...] a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão."
c) "Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava."
d) "[...] o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário."
e) "Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão."
13. O humor da tira a seguir foi construído com o uso de uma figura de linguagem:
a) Que figura de linguagem é essa ?
b) Que palavras são responsáveis pela construção dessa figura de linguagem? Explique.