6. Esse poema, contudo, não é propriamente romântico, não só porque o autor não pertence historicamente ao Romantismo, mas, sobretudo, porque:
a) o poema faz uma menção ao universo urbano ("o ruí-o de um bonde"), o que o afasta da preferência dos românticos pela natureza.
b) as pessoas de que o poeta se lembra estão mortas ("Dormindo / Profundamente").
c) não há no poema o chamado "escapisrno" romântico, nem a idealização do passado, mas sim a consciência de que este não volta mais.
d) o poema não possui nenhum traço emotivo explícito, o que o afasta da poesia romântica, que é marcadamente emotiva e sentimental.
e) não há, no poema de Bandeira, a presença do amor, que é um tema recorrente na poesia romântica.
7. (Unifal-MG)
O homem e a morte
(...)
O homem já estava acamado
Dentro da noite sem cor.
Ia adormecendo, e nisto
À porta um golpe soou.
(...)
- Quem bate? ele perguntou.
- Sou eu, alguém lhe respondeu.
- Eu quem? torna. - A Morte sou.
(...)
Mas a porta, manso, manso,
Se foi abrindo e deixou
Ver - uma mulher ou anjo?
Figura toda banhada
De suave luz interior.
(...)
- Tu és a Morte? pergunta.
E o Anjo torna: - A Morte sou!
Venho trazer-te descanso
Do viver que te humilhou.
- Imaginava-te feia,
Pensava em ti com terror. ..
És mesmo a Morte? ele insiste.
- Sim, torna o Anjo, a Morte sou,
Mestra que jamais engana,
A tua amiga melhor.
(...)
BANDEIRA, Manuel. Melhores poemas de Manuel Bandeira.
O trecho acima foi extraído do poema "O homem e a morte" que, segundo as concepções de gêneros e subgêneros literários:
a) é uma ode, forma poética medieval que incorpora a questão lírica ao gênero narrativo e remete a temas ligados à vida heroica.
b) remete ao romance burguês, subgênero narrativo em que o herói se encontra sempre em tensão com a sociedade, que mostra as deficiências da burguesia como sistema social e econômico.
c) atualiza o romance, forma literária medieval, em que a oralidade e a dramatização compõem uma poesia de caráter narrativo.
d) é uma elegia, uma vez que apresenta um canto fúnebre em tom melancólico e lamentoso, que se aproxima do gênero didático-moralista.
(UEMG) Leia o poema de Manuel Bandeira a seguir, para responder às questões 8 e 9.
Trem de ferro
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento ... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Doi-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
8. Analisando forma e conteúdo deste poema, só NÃO É CORRETO afirmar que:
a) o tom confessional do eu lírico predomina em todo o texto.
b) o sujeito poético estabelece uma interlocução com um possível leitor.
c) o recurso da sinestesia é um dos componentes de linguagem deste poema.
d) a utilização das reticências sinaliza uma postura irônica do eu lírico diante da vida.
9. Sobre marcas de estilos ou tendências literárias que se apresentam nesse poema, só é pertinente o comentário da alternativa:
a) Embora modernista, o texto evoca, sob a forma de um soneto, a temática amorosa idealizante, predominante no Parnasianismo.
b) O texto de Bandeira reúne algumas tendências de conteúdo romântico, trazendo, também, traços modernistas, especialmente na dicção e na inovação formal do soneto.
c) O poema é predominantemente marcado pelo jogo de contrários, muito próprio da tendência barroca.
d) O recurso metalinguístico utilizado nos versos desse poema revela traços do Classicismo e do Realismo-Naturalismo.
10. (UEMG) Em todas as alternativas a seguir, foram citados versos que, na linguagem e no conteúdo, rompem com a tendência romântica da idealização amorosa, EXCETO em:
a) "Vou-me embora pra Pasárgada (...) / Lá tenho a mulher que eu quero / Na cama que escolherei (...)"
b) "(...) Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não:"
c) "A tarde agoniza / Ao santo acalanto / Da noturna brisa / E eu, que também morro / Morro sem consolo / Se não vens, Elisa! (...)"
d) "Volúpia da água e da chama...
A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo..."
11. (Ufac)
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?
(...)
I. A significação do trecho provém da sugestão sonora.
II. O poeta utiliza expressões da fala popular.
III. A temática e a estrutura do poema contrariam o programa poético do Modernismo.
Marque as associações corretas.
a) Se I e II forem corretas.
b) Se I, II e III forem corretas.
c) Se I, II e III forem incorretas.
d) Se I for incorreta e II e III corretas.
e) Se I e II forem incorretas e apenas a III correta.
12. (Ufac) A afirmativa incorreta deve ser assinalada:
a) A primeira fase do nosso Modernismo caracterizou-se por um aspecto demolidor e combativo.
b) O movimento modernista brasileiro tem a Semana de Arte Moderna como marco cronológico.
c) A Semana de Arte Moderna aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo.
d) Um dos objetivos do Modernismo brasileiro foi a formação da consciência criadora nacional.
e) A literatura regionalista surgiu com o Modernismo.
13. (Ufac) Leia a passagem da "Carta pras icamiabas" da obra Macunaíma de Mário de Andrade (cap. IX):
Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas.
Trinta de maio de Mil ,Novecentos e Vinte e Seis,
São Paulo.
Senhoras:
Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura dessa missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudade muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de São Paulo - a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes - não sois conhecidas por "icamiabas", voz espúria, sinão que pelo apelativo
de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hélida Clássica; e assim sois chamada. *
*Mantida a grafia do autor.
Considerando-se esse excerto do romance de Mário de Andrade, Macunaíma - o herói sem nenhum caráter, pode-se afirmar que:
a) A linguagem utilizada no capítulo IX, em que consta a carta, é a mesma utilizada nos demais capítulos.
b) A linguagem reverencia elementos linguísticos da fala portuguesa, característica referendada ideologicamente pelo movimento Modernista, do qual o autor é um dos representantes.
c) A linguagem retoma aspectos discursivos e ideológicos da crônica de viagem Carta do Achamento, de Pero Vaz de Caminha.
d) Inserida no interior do romance, a linguagem utilizada na "Carta pras icamiabas" reveste-se de intenções irônicas sobre o distanciamento entre a língua escrita e a língua falada.
e) Inserida no interior do romance, a linguagem utilizada retoma aspectos estilísticos da estética barroca.
14. (Ufac) A variedade folclórica descrita em Macunaíma propõe o reconhecimento de um Brasil ainda em formação, por meio de um personagem que se tornará símbolo, em nossa literatura, de um processo do qual:
a) induzirá a uma compreensão reduzida de nossas potencialidades continentais.
b) nos diminuirá eternamente diante das nações que nos colonizaram.
c) apenas reforçará a pobreza das nossas fontes culturais mestiças.
d) nos mergulhará num campo de possibilidades impressionantes de composição étnica e cultural.
e) reforçará todos os preconceitos que herdamos dos colonizadores.
(UFRRJ) Leia o texto a seguir e responda às questões 15 e 16.
Máquina-de-escrever
B D G Z, Remintom.
Pra todas as cartas da gente.
Eco mecânico.
De sentimentos rápidos batidos.
Pressa, muita pressa.
Duma feita surrupiaram a máquina-de-escrever do meu
Isso também entra na poesia
Porque ele não tinha dinheiro para comprar outra.
(...)*
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 4 ed.
*Mantida a grafia do autor
15. Explique por que o conteúdo dos três últimos versos do poema exemplifica a proposta modernista de dessacralização da arte.
16. Destaque o verso que possui palavras pertencentes ao registro coloquial e reescreva-o, substituindo essas palavras por outras pertencentes ao padrão culto da língua.
(Ufes, adaptado) Leia o poema a seguir e responda às questões 17 e 18.
Brasil
O Zé Pereira chegou de cara vela
E preguntou pro guarani da mata virgem
- Sois cristão?
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
- Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
ANDRADE, Oswald de. Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade. São Paulo: Globo, 1991. p. 41.
17. O elemento do texto que apresenta a mesma função sintática do termo "zonzo" (v. 7) é:
a) de caravela (v.1).
b) pro guarani (v.2).
c) da mata virgem (v.2).
d) da fornalha (v.7).
e) pela graça de Deus (v.9).
18. O poema de Oswald de Andrade encena a base da formação social brasileira, referindo-se ao carnaval como símbolo da miscigenação e marca da nacionalidade. Com base em tal proposição e no poema, é CORRETO afirmar que:
a) a construção da identidade nacional brasileira foi um projeto das elites coloniais para garantir a unidade do território, indicado pela caravela portuguesa, no primeiro verso, e pela rima em A/B/A/B.
b) a miscigenação não teve importância ideológica, a partir do século XX, para a explicação da convivência harmônica do povo brasileiro, chamada de democracia racial, cantada no poema pelas onomatopeias do sexto verso.
c) o verso sete aponta para o trabalho escravo, no qual se origina a inserção precária de grande parte da população negra na economia e na sociedade atuais.
d) o desmatamento da Amazônia, ocorrido nos dias atuais, é denunciado no poema ao referir-se à mata virgem e aos guaranis, com o seu canto de morte retirado do poema indianista de Castro Alves.
e) a extensão do território nacional foi fixada pelo carnaval, preconizado pela miscigenação e interpretado no poema como a razão da conquista e cristianização dos indígenas pelos portugueses.