EF69LP47, EF69LP55, EF69LP56 Atividade 6ºano - Lenda - As lágrimas de Potira - PDF e gabarito


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As lendas de um povo geralmente são dotadas de grande sabedoria. Leia a seguir uma lenda indígena.

As lágrimas de Potira

Muito antes de os brancos atingirem os sertões de Goiás, em busca de pedras preciosas, existiam por aquelas partes do Brasil muitas tribos indígenas, vivendo em paz ou em guerra e segundo suas crenças e hábitos.
Numa dessas tribos, que por muito tempo manteve a harmonia com seus vizinhos, viviam Potira, menina contemplada por Tupã com a formosura das flores, e Itagibá, jovem forte e valente.
Era costume na tribo as mulheres se casarem cedo e os homens assim que se tornassem guerreiros.
Quando Potira chegou à idade do casamento, Itagibá adquiriu sua condição de guerreiro. Não havia como negar que se amavam e que tinham escolhido um ao outro. Embora outros jovens quisessem o amor da indiazinha, nenhum ainda possuía a condição exigida para as bodas, de modo que não houve disputa, e Potira e Itagibá se uniram com muita festa.
Corria o tempo tranquilamente, sem que nada perturbasse a vida do apaixonado casal. Os curtos períodos de separação, quando Itagibá saía com os demais para caçar, tornavam os dois ainda mais unidos. Era admirável a alegria do reencontro!
Um dia, no entanto, o território da tribo foi invadido por vizinhos cobiçosos, devido à abundante caça que ali havia, e Itagibá teve que partir com os outros homens para a guerra.
Potira ficou contemplando as canoas que desciam rio abaixo, levando sua gente em armas, sem saber exatamente o que sentia, além da tristeza de se separar de seu amado por um tempo não previsto. Não chorou como as mulheres mais velhas, talvez porque nunca houvesse visto ou vivido o que sucede numa guerra.
Mas todas as tardes ia sentar-se à beira do rio, numa espera paciente e calma. Alheia aos afazeres de suas irmãs e à algazarra constante das crianças, ficava atenta, querendo ouvir o som de um remo batendo na água e ver uma canoa despontar na curva do rio, trazendo de volta seu amado. Somente retornava à taba quando o sol se punha e depois de olhar uma última vez, tentando distinguir no entardecer o perfil de Itagibá.
Foram muitas tardes iguais, com a dor da saudade aumentando pouco a pouco. Até que o canto da araponga ressoou na floresta, desta vez não para anunciar a chuva mas para prenunciar que Itagibá não voltaria, pois tinha morrido na batalha.
E pela primeira vez Potira chorou. Sem dizer palavra, como não haveria de fazer nunca mais, ficou à beira do rio para o resto de sua vida, soluçando tristemente. E as lágrimas que desciam pelo seu rosto sem cessar foram-se tornando sólidas e brilhantes no ar, antes de submergir na água e bater no cascalho do fundo.
Dizem que Tupã, condoído com tanto sofrimento, transformou suas lágrimas em diamantes, para perpetuar a lembrança daquele amor.

AS LÁGRIMAS de Potira. Lenda indígena. In: Alfabetização: livro do aluno – contos tradicionais, fábulas, lendas e mitos. Brasília: Fundescola/MEC, 2000. p. 119.

Alheia: distraída.
Bodas: cerimônia de casamento.
Cobiçoso: cheios de cobiça, de ambição.
Contemplar: olhar atentamente.
Suceder: acontecer.
Taba: aldeia indígena.
Araponga: ave de canto forte e estridente.
Condoído: que sente compaixão.
Perpetuar: eternizar.
Prenunciar: anunciar antecipadamente.
Tupã: deus do bem.

1. O narrador da lenda:
(   ) participa dos acontecimentos.
(   ) apenas conta os fatos.

2. Os acontecimentos narrados em uma lenda se passam em um tempo indeterminado. Levante hipóteses para explicar por que isso acontece.

3. Qual é o espaço da narrativa, ou seja, em que lugar os acontecimentos da história ocorrem?

4. Comprove a presença de algumas das características do gênero lenda, apresentadas a seguir, com fatos narrados no texto.

a) Mistura da fantasia com a realidade.
b) Descrição de um ser fantástico.
c) Transmissão da história de uma geração para outra por meio da oralidade.

5. Sobre a história narrada na lenda, assinale se as afirmativas a seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F).
( ) As terras da tribo de Potira foram invadidas porque outros jovens queriam o amor da indiazinha.
( ) Quando Itagibá partiu, Potira não chorou, porque ainda não sabia o que era a guerra.
( ) O canto da araponga foi o anúncio de que Itagibá não voltaria mais, pois havia morrido na batalha.
( ) Tupã transformou as lágrimas de Potira em diamantes para perpetuar o sofrimento da indiazinha.

Lendas refletem a cultura de um povo, transmitindo às novas gerações as histórias que perpetuam as crenças e as tradições com as quais as gerações mais velhas compreendiam o mundo. Assim, as lendas constituem uma forma de considerar os saberes, a importância e as crenças de um povo.

› Ative seus conhecimentos sobre os padrões de uso da língua.
› Identifique os diferentes grupos sociais e os contextos de produção de um texto.
 Compreenda quem é o emissor do texto e o público a que o texto se dirige.
 Considere, também, as informações apresentadas na referência do texto.

6. Na lenda As lágrimas de Potira, o emissor empregou:
(A) a variedade padrão da língua.
(B) a variedade não padrão da língua.
(C) uma variação histórica.
(D) uma variação regional.

7. A lenda é narrada:
(A) por Potira.
(B) por Itagibá.
(C) por um narrador-personagem.
(D) por um narrador-observador.

8. A lenda é destinada ao público:
(A) adulto.
(B) infantil.
(C) jovem.
(D) em geral. 

GABARITO

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